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Tratamento experimental para câncer combina calor e quimioterapia e elimina tumores em camundongos

 Os resultados mostraram que essa abordagem eliminou tumores em grande parte dos camundongos tratados e prolongou significativamente sua sobrevivência.

Os testes com camundongos foram realizados em células agressivas de câncer de mama triplo-negativo | Foto: Ciência Elementar


Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) desenvolveram uma tecnologia experimental que combina quimioterapia e fototerapia para tratar cânceres em estágio avançado. O método, testado em camundongos, usa partículas implantáveis que fornecem tratamento direto no local do tumor. Os resultados mostraram que essa abordagem eliminou tumores em grande parte dos camundongos tratados e prolongou significativamente sua sobrevivência. A pesquisa foi publicada no periódico científico ACS Nano.

Para pacientes em estágios avançados da doença, o tratamento geralmente inclui múltiplas rodadas de quimioterapia e radioterapia, além de cirurgia. Entretanto, esses métodos podem gerar efeitos colaterais graves e nem sempre resultam na erradicação completa do câncer. Pensando em ampliar as opções de tratamento, o grupo do MIT criou partículas que combinam dois tipos de tratamento no mesmo dispositivo: quimioterapia e calor, gerado a partir de luz laser. Clique e siga Ciência Elementar no Instagram 

O dispositivo desenvolvido pelos pesquisadores contém nanofolhas de dissulfeto de molibdênio, um material que transforma luz laser em calor. Quando aquecidas, essas partículas são capazes de destruir as células cancerígenas ao redor, uma técnica chamada fototerapia. Além disso, cada partícula é embebida com fármacos quimioterápicos que são liberados localmente durante o tratamento, reduzindo os efeitos colaterais comuns da quimioterapia administrada por via intravenosa. No estudo, as partículas usadas foram modeladas em pequenos cubos com 200 micrômetros de largura, que foram injetados diretamente no local dos tumores.

Ana Jaklenec, pesquisadora principal do Instituto Koch do MIT e coautora do estudo, destacou o potencial da tecnologia para pacientes com tumores agressivos. Segundo ela, o objetivo da nova abordagem é oferecer uma opção de tratamento para quem possui poucas alternativas de tratamento. “Queremos oferecer um controle sobre o crescimento desses tumores para que o paciente tenha uma qualidade de vida melhor durante esse período”, afirma Jaklenec.

A equipe espera que o efeito sinérgico entre a fototerapia e a quimioterapia prolongue a vida dos pacientes de forma mais eficiente do que os tratamentos isolados. Para otimizar o método, os pesquisadores usaram algoritmos de aprendizado de máquina, ajustando o tempo de aplicação do laser, a concentração do material fototerapêutico e a potência necessária para alcançar os melhores resultados. Esse ciclo de tratamento projetado dura aproximadamente três minutos, tempo em que a temperatura das partículas atinge cerca de 50 graus Celsius — o suficiente para destruir as células tumorais e liberar os fármacos contidos na matriz polimérica.

Os testes com camundongos foram realizados em células agressivas de câncer de mama triplo-negativo. Em três ciclos de tratamento com intervalos de três dias, a equipe do MIT observou a eliminação completa dos tumores e um aumento significativo na sobrevida dos camundongos. Aqueles que receberam o tratamento combinado com o laser apresentaram resultados superiores aos que passaram apenas pela quimioterapia, fototerapia ou sem tratamento.

Além de eficaz, o dispositivo foi desenvolvido a partir de policaprolactona, um material biocompatível e aprovado pela FDA (Agência de Alimentos e Medicamentos dos EUA) para dispositivos médicos, o que sugere potencial para uso clínico em humanos. Segundo a pesquisadora Angela Belcher, outra autora do estudo, o sistema de liberação controlada das partículas em intervalos programados com luz infravermelha próxima reduz o desconforto e pode melhorar a adesão dos pacientes ao tratamento.

Os cientistas planejam continuar os estudos em modelos animais maiores antes de avançar para os testes clínicos em humanos. Eles acreditam que essa nova tecnologia possa, futuramente, ser aplicada em tumores sólidos de diferentes tipos, inclusive em casos de câncer metastático, oferecendo mais opções e maior conforto aos pacientes em tratamento.

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