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Reino Unido testa primeira vacina contra o norovírus causador de gastroenterites

O norovírus é amplamente reconhecido como uma das principais causas de casos esporádicos e surtos de gastroenterite aguda (AGE) em todas as faixas etárias.

Vômito e diarréia estão entre os principais sintomas de causadas pelo norovírus | Foto: divulgação


Uma nova vacina de mRNA contra o norovírus está em fase de teste em um grande ensaio clínico internacional, denominado Nova 301, com o objetivo de reduzir significativamente os danos causados ​​por esse vírus altamente contagioso. O estudo de fase 3, que se estenderá por dois anos, envolveu 25 mil voluntários adultos com mais de 60 anos, de países como Japão, Canadá e Austrália, além de 2.500 participantes recrutados em 27 centros de saúde no Reino Unido. A pesquisa é liderada pela farmacêutica Moderna em parceria com o governo britânico e outras instituições de saúde, buscando oferecer uma proteção contra o norovírus, que causa surtos de vômito e diarreia.

Esta iniciativa ocorre moldada pela preocupação com locais com grande concentração de pessoas como hospitais, escolas, creches e lares para idosos, e também em resposta a cerca de 4 milhões de casos de infecções registados anualmente no Reino Unido, resultando em aproximadamente 12 mil hospitalizações.o impactante o sistema de saúde e a economia, “no Reino Unido, estima-se que o norovírus custe cerca de £100 milhões (cerca de R$ 623 milhões) anualmente ao NHS, e se você levar em conta a perda de renda, isso é cerca de £300 milhões (aproximadamente R$ 1,87 bilhões)”, garante Patrick Moore, clínico geral e pesquisador-chefe nacional do estudo no Reino Unido.


As doenças diarreicas agudas (DDA), incluindo o norovírus, são um conjunto de infecções gastrointestinais que tendem a aparecer em determinados períodos do ano. Elas se manifestam como uma síndrome em que o paciente apresenta pelo menos três episódios de diarreia aguda dentro de um intervalo de 24 horas. Essa condição é caracterizada pela alteração da consistência das fezes, que se tornam mais líquidas, e pelo aumento na frequência das evacuações. Além disso, os indivíduos afetados podem sentir náuseas, vômitos, febre e dor abdominal, prostração, entre outros, o que agrava o desconforto e pode levar a complicações se não for tratado especificamente.

O norovírus é amplamente reconhecido como uma das principais causas de casos esporádicos e surtos de gastroenterite aguda (AGE) em todas as faixas etárias. No Brasil, o surto mais recente de diarreia aguda aconteceu em setembro em Goiás, onde mais de 180 cidades do estado somaram cerca de 217 mil casos, predominantemente relacionado ao norovírus.

Embora a maioria das pessoas se recupere do norovírus em poucos dias, a infecção pode ser grave para populações vulneráveis, como crianças, idosos e pessoas com sistema imunológico enfraquecido. Até o momento, não existem vacinas aprovadas para prevenir a doença, e o tratamento geralmente é limitado à hidratação intravenosa em casos mais severos. A nova vacina tem como meta oferecer proteção eficaz e específica, com potencial para trazer grandes benefícios para a saúde pública e a economia.

Globalmente, o impacto do norovírus é significativo, com estimativas apontando para 685 milhões de casos e 200 mil mortes anualmente. O ensaio clínico Nova 301 faz parte de um esforço global para testar a eficácia da nova vacina de mRNA. No Reino Unido, o ensaio se concentrará em 27 centros de saúde, espalhados pela Inglaterra, Escócia e País de Gales, com 2.500 participantes recrutados a partir do final de outubro. As unidades móveis serão utilizadas para facilitar a participação voluntária.

A vacina resulta de uma parceria estratégica de 10 anos entre a Moderna e o governo britânico, contando com a colaboração do Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde e Cuidados (NIHR), do Departamento de Saúde e Assistência Social (DHSC) e da Agência de Segurança Sanitária do Reino Unido (UKHSA).

Utilizando a tecnologia de mRNA, já reconhecida pelas vacinas contra a Covid-19, o imunizante introduz uma sequência genética nas células do corpo humano, instruindo-as a produzir proteínas que estimulam o sistema imunológico. No caso desta vacina, as instruções genéticas promovem a produção de proteínas específicas de três tipos de norovírus, levando o organismo a gerar anticorpos que conferem proteção contra o vírus.

Durante o estudo, metade dos participantes receberá uma vacina experimental, enquanto outra metade será inoculada com um placebo (injeção salina). O objetivo é avaliar se a vacina oferece proteção significativa contra o norovírus e determinar a duração dessa imunidade. Os cientistas afirmam que uma eficácia mínima de 65% seria considerada um avanço relevante.

Caso os resultados sejam positivos, a Moderna planeja solicitar a aprovação regulatória em 2026, com o processo de revisão estimado em até um ano. Também serão realizados testes adicionais para verificar a eficácia da vacina em adolescentes e crianças mais novas. “Não estaríamos fazendo esse tipo de teste nesse ritmo se não fosse beneficiário dos próprios indivíduos”, disse Saul Faust, professor da Universidade de Southampton e líder clínico do Programa de Inovação em Vacinação do NIHR.

Os especialistas envolvidos no estudo enfatizam os potenciais benefícios de uma vacina bem-sucedida. O professor Saul Faust acredita que a imunização ajudaria a manter locais onde há grande concentração de pessoas funcionando normalmente, sem gerar mais riscos de contaminação. O médico clínico, Patrick Moore destaca que a vacina poderia prevenir complicações adicionais causadas pelo vírus.

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