A desinformação gerada por Inteligências Artificiais é a maior ameaça imediata às democracias e economias globais
Nos últimos anos, a inteligência artificial (IA) tem experimentado um crescimento explosivo, revolucionando diversas áreas da sociedade. Desde a automação de tarefas simples até a criação de conteúdo sofisticado, a IA está cada vez mais presente em nosso cotidiano. No entanto, esse avanço também trouxe consigo um desafio significativo: a dificuldade das pessoas em distinguir entre o que é produzido por IA e o que é realidade.
A sofisticação dos algoritmos de IA tem permitido a criação de textos, imagens, vídeos e até vozes que são quase indistinguíveis dos produzidos por seres humanos. Ferramentas como os modelos de linguagem da OpenAI, capazes de gerar textos coerentes e contextualmente relevantes, estão na vanguarda dessa tecnologia. No entanto, essa capacidade de criar conteúdo verossímil também tem sido explorada para a disseminação de informações falsas.
A proliferação de fake news é uma das consequências mais preocupantes desse fenômeno. Com a IA, tornou-se mais fácil produzir e disseminar notícias falsas de forma rápida e eficaz. Esses conteúdos podem ser usados para manipular a opinião pública, influenciar eleições e até incitar violência. As plataformas de redes sociais, onde a disseminação de informações é rápida e ampla, tornaram-se terrenos férteis para essas práticas.
Um alerta do Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância (Unicef), diz que “notícias falsas se espalham nas redes sociais de diversas formas, como, por exemplo, a priorização de conteúdos sensacionalistas e polêmicos por algoritmos de recomendação, aumentando sua popularidade”.
Um relatório divulgado este ano pelo Fórum Econômico Mundial destacou que a desinformação gerada por Inteligências Artificiais é a maior ameaça imediata às democracias e economias globais. Segundo o documento, a proliferação de notícias falsas e conteúdo enganoso criado por IA pode desestabilizar processos eleitorais, minar a confiança pública e causar turbulências econômicas significativas.
Outro estudo conduzido em 2022, pela Royal Holloway e pelo Warburg Institute, ambos da Universidade de Londres, mostrou que os participantes da pesquisa tiveram dificuldade de identificar entre os rostos produzidos por IA dos rostos em fotografias reais.
“É preocupante que as pessoas que pensavam que os rostos da IA eram reais na maioria das vezes eram, paradoxalmente, as mais confiantes de que os seus julgamentos estavam corretos”, disse Elizabeth Miller, coautora do estudo e candidata a doutoramento na ANU.
Ao mesmo tempo que a IA oferece inúmeras oportunidades para inovação e progresso, também apresenta riscos significativos que precisam ser gerenciados com cuidado. A capacidade de discernir entre o real e o artificial não é apenas uma questão de curiosidade intelectual, mas uma necessidade crítica para a preservação da verdade e da confiança na era digital.
A cada nova geração de algoritmos, as criações de IA tornam-se mais convincentes e mais difíceis de detectar. Além disso, a natureza descentralizada da internet facilita a disseminação de fake news, tornando a regulamentação um desafio global, todo essas questões aliadas à velocidade com que a tecnologia de IA está avançando torna ainda mais difícil o combate de falsas informações.