As proteínas presentes no sangue podem sinalizar o surgimento de diversas doenças, incluindo mieloma, linfoma não-Hodgkin, fibrose pulmonar além de doenças raras
Estudo de proteômica foi realizado com cerca de 3 mil proteínas plasmáticas de mais de 40 mil participantes | Foto: GSK
Uma pesquisa publicada na Nature Medicine nesta segunda-feira (22) revela que um exame de sangue inovador pode prever o desenvolvimento de câncer e outras 52 doenças com uma estimativa de até 10 anos antes do diagnóstico clínico. Este avanço se baseia na análise de milhares de proteínas presentes no sangue humano.
A equipe de cientistas descobriu que essas proteínas podem sinalizar o surgimento de diversas doenças, incluindo mieloma múltiplo, linfoma não-Hodgkin, doença do neurônio motor, fibrose pulmonar e cardiomiopatia dilatada, além de doenças raras. A pesquisa foi conduzida por uma colaboração internacional envolvendo a farmacêutica GSK, a Queen Mary University of London, a University College London, a University of Cambridge e o Berlin Institute of Health da Charité Universitätsmedizin, na Alemanha.
Os dados analisados foram extraídos do UK Biobank Pharma Proteomics Project, o maior estudo de proteômica já realizado, que compreende cerca de 3 mil proteínas plasmáticas de mais de 40 mil participantes. Esses dados foram cruzados com os registros eletrônicos de saúde dos participantes para identificar “assinaturas” proteicas específicas para várias doenças.
Os modelos de predição baseados em proteínas se mostraram mais eficazes do que os métodos tradicionais baseados em informações clínicas e outros exames de sangue comuns, como hemograma e níveis de colesterol.
“Estamos extremamente animados com a oportunidade de identificar novos marcadores para triagem e diagnóstico a partir de milhares de proteínas circulantes e agora mensuráveis no sangue humano”, afirmou Claudia Langenberg, autora principal do estudo e diretora do Instituto de Pesquisa Universitária de Assistência Médica de Precisão (PHURI), da Queen Mary University of London.
No entanto, Langenberg enfatizou a necessidade de validar essas descobertas em diferentes populações, incluindo pessoas de diversas etnias e aquelas com e sem sintomas de doenças. “O que precisamos urgentemente são estudos proteômicos de diferentes populações para validar nossas descobertas, e testes eficazes que possam medir proteínas relevantes para doenças de acordo com padrões clínicos com métodos acessíveis”, completou.
Robert Scott, vice-presidente e chefe de Genética Humana e Genômica da GSK, coautor do estudo, afirmou, "um desafio fundamental no desenvolvimento de medicamentos é a identificação de pacientes com maior probabilidade de se beneficiar de novos medicamentos. Este trabalho demonstra a promessa no uso de tecnologias proteômicas em larga escala para identificar indivíduos de alto risco em uma ampla gama de doenças e se alinha com nossa abordagem de usar tecnologia para aprofundar nossa compreensão da biologia humana e das doenças”.
Nas etapas seguintes os pesquisadores irão selecionar doenças de alta prioridade e avaliar a predição por meio de proteínas sanguíneas em um ambiente clínico.