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Nova técnica enfraquece bactérias resistentes e melhora eficácia de antibióticos

Estudo da USP de São Carlos mostra que a técnica de inativação fotodinâmica pode enfraquecer bactérias resistentes a antibióticos, aumentando a eficácia dos tratamentos disponíveis.

Pesquisadores do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica da Universidade de São Paulo (USP) de São Carlos descobriram uma nova técnica para enfraquecer bactérias resistentes a antibióticos. Publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), o estudo mostrou que a inativação fotodinâmica (PDI) pode modificar a sensibilidade bacteriana aos antibióticos, tornando os tratamentos existentes mais eficazes.


A pesquisa, liderada pelo físico e engenheiro de materiais Vanderlei Salvador Bagnato, focou no Staphylococcus aureus, uma bactéria que causa infecções cutâneas e pneumonias. A técnica utiliza luz e um fotossensibilizador, neste caso, a curcumina, para gerar uma reação química que enfraquece as bactérias. Após cinco ciclos de PDI, as bactérias se mostraram mais suscetíveis aos antibióticos, especialmente à gentamicina.


Bagnato, coordenador do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF), explicou que a fotodinâmica não mata necessariamente as bactérias, mas destrói mecanismos de resistência, tornando-as vulneráveis aos antibióticos. Este método promete ser uma solução eficaz contra infecções resistentes, especialmente em unidades de tratamento intensivo.


A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a resistência antimicrobiana como uma das maiores ameaças à saúde pública. A lista de patógenos prioritários de 2024 da OMS inclui 15 famílias de bactérias resistentes, refletindo a urgência de novos tratamentos. Estima-se que 1,2 milhão de mortes anuais são causadas por bactérias resistentes, com custos globais previstos de até US$ 100 trilhões até 2050.


A OMS também destaca que a chance de aprovação de novos antibióticos pela FDA é baixa, com apenas 25% dos tratamentos representando novas classes de medicamentos. Esse cenário reforça a importância de pesquisas como a de Bagnato, que continua a desenvolver técnicas inovadoras para combater infecções resistentes.


Atualmente, Bagnato está na Universidade Texas A&M, nos Estados Unidos, onde montou um laboratório de biofotônica. Mesmo licenciado da USP, ele segue contribuindo para avanços científicos no Brasil. "Estamos perto de publicar outro artigo demonstrando uma técnica aplicada diretamente no pulmão para tratar pneumonia resistente", revelou.


Este estudo abre novas perspectivas no tratamento de infecções bacterianas, oferecendo esperança para a luta contra a resistência antimicrobiana e melhorando a eficácia dos antibióticos existentes.

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