Litíase renal, ou "pedra nos rins", é uma das doenças crônicas mais comuns, causando sintomas como dor nas costas e dificuldade para urinar. Em casos de infecção associada, podem ocorrer alterações na cor da urina, náuseas, vômitos e febre.
Raio-X mostra aglomerado de cálculos renais | Foto: Nefroclínica
Em boletim epidemiológico sobre Doença Renal Crônica (DRC) deste ano, o Ministério da Saúde apresentou dados que indicam um aumento de 152% nos atendimentos na Atenção Primária à Saúde (APS) entre 2019 e 2023, especialmente nas regiões Sudeste e Sul. O boletim também aponta que a pandemia de Covid-19 impactou negativamente os atendimentos. A falta de acesso à saúde em algumas regiões é outro fator que dificulta um levantamento mais detalhado, especialmente no Norte, expondo a desigualdade entre diferentes partes do país, o que pode significar que os números possam ser ainda maiores.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 10% da população mundial sofre com algum tipo de doença renal crônica. No Brasil, a prevalência estimada em adultos é de 6,7%, triplicando em indivíduos com 60 anos ou mais de idade. Entre as nefropatias crônicas, a litíase renal, comumente conhecida como "pedra nos rins", está entre as enfermidades mais recorrentes, e está associada a fatores como alimentação inadequada, desidratação e histórico familiar.
Outro levantamento, dessa vez do Centro de Referência da Saúde do Homem da Secretaria de Estado da Saúde, reforça que o número de pacientes atendidos com cálculo renal aumenta cerca de 30% durante o Verão. Com a crescente demanda desse tipo de atendimentos é necessário intensificar a conscientização da população e redobrar os cuidados com os rins.
O urologista Ivan Selegatto explica que a cirurgia para cálculos renais é necessária em casos de dor intensa, infecção, bloqueio do trato urinário ou comprometimento dos rins. “Hoje contamos com procedimentos endocópicos e minimamente invasivos, como a litotripsia, que fragmenta os cálculos em pedaços mínimos, transformando-os em poeira e resolvendo de fato essa enfermidade. Em casos mais complexos, outras intervenções podem ser necessárias”, afirma.
Sintomas como dor nas costas, aumento da frequência miccional, dificuldade para urinar, ardor, podem indicar a presença de cálculos renais. "Esses sintomas podem indicar um problema renal e devem ser avaliados por um especialista o mais rápido possível", orienta Selegatto. Outros sinais, como urina com mau cheiro ou alterações na cor (rosa, vermelha ou marrom), náuseas, vômitos e febre, podem ocorrer em casos de infecção associada.
O diagnóstico é feito por exames de imagem, como ultrassonografia, tomografia, raio-X ou urografia excretora, que identificam a localização e o tamanho das pedras. O tratamento pode variar desde o uso de medicamentos para aliviar a dor e métodos que ajudam a expelir pedras pequenas, até intervenções como a litotripsia ou cirurgias em casos mais graves.
Fatores como o envelhecimento da população, má alimentação e consumo de ultraprocessados agravam a situação. Além disso, a alta prevalência de diabetes e hipertensão – que afetam milhões de brasileiros – aumenta os riscos para o desenvolvimento de doenças renais. Se não tratados, os cálculos renais podem causar infecções recorrentes ou insuficiência renal.
Como medida de prevenção, é recomendado beber pelo menos dois litros de água por dia, comer menos sal, evitar alimentos ricos em oxalato como espinafre e chocolate, e incluir mais frutas, vegetais e fibras na alimentação, manter um peso saudável e reduzir o consumo de refrigerantes. Grupos de risco, como pessoas entre 50 e 79 anos, necessitam de atenção especial, pois são os que mais demandam atendimentos relacionados à doença. Homens têm maior propensão a desenvolver a condição do que mulheres.