Nossa galáxia tem entre 200 e 400 bilhões de estrelas e, de acordo com os dados do satélite Kepler, ter planetas não é a exceção e sim a regra para as estrelas da Via Láctea
O planeta gasoso, Eps Ind Ab, a 12 anos-luz da Terra | Foto: NASA
Utilizando o Telescópio Espacial James Webb da NASA, uma equipe internacional de astrônomos conseguiu, pela primeira vez, captar imagens diretas do planeta Epsilon Indi Ab, um dos mais frios já encontrados fora do nosso Sistema Solar. A descoberta foi publicada quarta-feira (24) na revista Nature.
Os pesquisadores informam que este exoplaneta está a 12 anos-luz da Terra e possui semelhanças com Júpiter, embora tenha uma massa seis vezes maior. Ele orbita uma estrela anã vermelha, que tem uma idade semelhante à do Sol, mas é ligeiramente mais fria. Acredita-se que seu período de translação, ou seja, o tempo que leva para completar uma volta ao redor de sua estrela, seja de aproximadamente 200 anos terrestres.
Anteriormente, as observações deste sistema eram indiretas, baseadas nas medições da estrela, o que sugeria a possível existência de um planeta na região, conforme explica Caroline Morley, uma das cientistas do projeto. Foi somente com a utilização da câmera e do espectrógrafo Mid-Infrared Instrument (MIRI) do Telescópio Webb que a presença do planeta gasoso foi confirmada, mesmo com a dificuldade imposta pela baixa temperatura do exoplaneta.
Elisabeth Matthews destaca que planetas frios emitem pouca energia e sua radiação é majoritariamente no infravermelho médio, tornando-os difíceis de serem detectados. O Telescópio Webb, com sua capacidade de capturar imagens no infravermelho médio e sua alta resolução espacial, foi crucial para distinguir o planeta da estrela nas imagens.
Epsilon Indi Ab, com uma temperatura de aproximadamente 2ºC, é um dos exoplanetas mais frios detectados diretamente. Essa característica o torna especialmente interessante para os estudos sobre a formação do Universo, sendo cerca de 100ºC mais quente que os gigantes gasosos do nosso Sistema Solar.
Apesar das expectativas de encontrar um planeta neste sistema, o que foi descoberto surpreendeu os cientistas. Matthews relata que o exoplaneta tem cerca de duas vezes a massa prevista, está mais distante de sua estrela e segue uma órbita inesperada, levantando novas questões para futuras pesquisas.
A atmosfera do planeta, apelidado de “super-Júpiter”, parece conter elementos pesados, como carbono, que podem formar moléculas de metano e dióxido de carbono. Morley comenta que é emocionante finalmente observar diretamente um planeta neste sistema, um cenário imaginado por décadas em diversas obras de ficção científica.
Os próximos passos da pesquisa incluem obter espectros de luz do planeta para analisar sua composição química e clima, além de procurar outros planetas semelhantes com o Telescópio Webb, visando entender melhor suas atmosferas e processos de formação.