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Dirigível que prestava serviço ao São Paulo FC cai em Osasco: entenda a ciência por trás dessas aeronaves

O dirigível prestava serviços para o São Paulo FC. O piloto sofreu ferimentos leves e foi prontamente atendido no local por uma equipe do SAMU.

Dirigível cai em bairro de Osasco, na região metropoliatana de São Paulo | Foto: Instagram


Na tarde desta quarta-feira (25), um balão dirigível com a logo do São Paulo Futebol Clube caiu sobre residências na Rua Sarah Veloso, no Jardim Veloso, em Osasco, na Grande São Paulo. O incidente, que ocorreu na tarde desta quinta-feira (25), resultou em uma pessoa socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) com ferimentos leves. O Corpo de Bombeiros foi acionado, com três equipes trabalhando no local. Uma pessoa foi atendida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) com ferimentos leves.


A companhia de energia elétrica Enel e a Defesa Civil também foram chamadas, sendo que a remoção do dirigível dependerá do corte de energia na área. O São Paulo FC expressou pesar pelo incidente, informando que o dirigível foi contratado da empresa Airship do Brasil, que já havia prestado serviços anteriormente sem problemas. O dirigível estava realizando um teste antes de um sobrevoo noturno autorizado pela ANAC. A empresa Airship afirmou que está investigando o ocorrido.


Conheça a história dos dirigíveis


Os dirigíveis (ou zepelins), também conhecidos como aeróstatos, são veículos aéreos controláveis sustentados no ar por uma cavidade preenchida com um gás menos denso que o ar, como hélio ou hidrogênio. Sua história faz parte do desenvolvimento da aviação desde suas primeiras tentativas. Os primeiros experimentos de voo ocorreram com balões de ar quente, como o realizado pelo padre jesuíta Bartolomeu de Gusmão em 1709. Ele apresentou a Passarola, um balão que, embora não tenha voado em sua primeira demonstração, alcançou 95 metros em uma segunda tentativa, marcando o início de uma jornada em busca de um voo controlado.


O avanço dos dirigíveis ganhou força com os irmãos franceses Jacques e Joseph Montgolfier, que realizaram um balão tripulado em 1783. No entanto, esses primeiros engenhos não permitiam que o piloto controlasse a direção do voo, limitando sua utilidade prática. Durante o século XIX, diversos inventores tentaram integrar motores a vapor e elétricos aos dirigíveis, mas essas tentativas falharam devido ao peso excessivo dos motores. O verdadeiro avanço ocorreu com o desenvolvimento do motor de combustão interna, que possibilitou a criação de dirigíveis mais manobráveis e eficientes.


Em 1852, o primeiro voo de um balão dirigível motorizado foi realizado por Jules Henri Giffard, que voou de Paris a Élancourt, abrindo possibilidades para o uso de dirigíveis no transporte e na aviação. O século XIX também viu o surgimento de dirigíveis semirrígidos, como o projetado por Augusto Severo, que introduziu uma estrutura capaz de suportar um motor elétrico e a carga de passageiros. Apesar de apresentar estabilidade durante os voos cativos, o dirigível de Severo enfrentou dificuldades em voos livres, resultando em acidentes.



Alberto Santos Dumont projetou dirigíveis com motores a gasolina, mudando o design desses veículos. Seu dirigível Nº 1 foi um marco na capacidade de navegação controlada, permitindo que o piloto se movimentasse contra o vento. O sucesso de Santos Dumont culminou com o prêmio Deutsch, concedido ao primeiro que conseguisse contornar a Torre Eiffel em um tempo limite, um desafio que ele conquistou em 1901.


O conde Ferdinand von Zeppelin destacou-se na história dos dirigíveis com a construção de aeronaves de estrutura rígida, utilizadas para o transporte de passageiros. Seu modelo LZ-1, voado pela primeira vez em 1900, estabeleceu um padrão na aviação. Os zepelins eram projetados com uma estrutura de metal rígida, recoberta por tecido e contendo várias cavidades de ar separadas, uma inovação em relação aos dirigíveis não rígidos que dependiam de pressão interna para manter a forma. Isso permitiu que os zepelins fossem maiores e mais estáveis.


O primeiro voo comercial de um zepelim ocorreu em 1910, com operações da Deutsche Luftschiffahrts-Aktiengesellschaft (DELAG), a primeira companhia aérea comercial do mundo. Até 1914, a DELAG já havia transportado mais de 10 mil passageiros em cerca de 1.500 voos, evidenciando o uso dos dirigíveis no transporte de passageiros. Durante a Primeira Guerra Mundial, os zepelins foram utilizados pelos militares alemães para bombardeios e missões de reconhecimento, resultando em mais de 500 mortes na Grã-Bretanha. Essas aeronaves se destacaram pela capacidade de percorrer grandes distâncias e alcançar altitudes altas para a época.


No entanto, o Tratado de Versalhes, assinado após a derrota alemã, impôs restrições à construção de grandes aeronaves, o que temporariamente desacelerou a produção de zepelins. Mesmo com essas limitações, uma exceção foi feita para a construção do dirigível USS Los Angeles, destinado à Marinha dos Estados Unidos, o que ajudou a manter a companhia Zeppelin ativa durante o período de proibição. Em 1926, após a revogação das restrições, a companhia retomou seu auge com a construção do LZ 127 Graf Zeppelin, seguido pelo LZ 129 Hindenburg. Ambos operaram voos transatlânticos regulares, conectando a Alemanha à América do Norte e ao Brasil durante a década de 1930.


O projeto do Zeppelin, com sua estrutura de duralumínio, permitiu a construção de dirigíveis com 120 metros de comprimento, maior que uma baleia-azul. Seu sistema de propulsão consistia em motores montados em gôndolas externas, responsáveis por impulsionar a aeronave. Entretanto, o desastre do Hindenburg, ocorrido em 1937, marcou o declínio dos dirigíveis rígidos para transporte de passageiros. Esse evento, aliado a questões políticas e econômicas, levou à interrupção do uso dos zepelins como meio de transporte regular.


Atualmente, os dirigíveis ainda são utilizados em algumas operações, especialmente em missões de observação e em áreas remotas. A segurança foi aprimorada com o uso de hélio, um gás leve e não inflamável, substituindo o hidrogênio utilizado nos primeiros zepelins. O dirigível, com sua estrutura de metal rígida e envelope de lona, é inflado com hélio, permitindo que suba e flutue. Uma bomba injeta o hélio no interior do envelope, garantindo que o dirigível alcance a altitude desejada de forma controlada e segura. O uso do hélio previne acidentes como o do Hindenburg, proporcionando segurança nas operações.


Os zepelins voam por meio de uma combinação de engenharia estrutural e princípios aerostáticos. A técnica envolve a construção de uma estrutura rígida de duralumínio que forma a "carcaça" do dirigível. Dentro dessa estrutura, compartimentos armazenam grandes quantidades de gás, gerando uma força de empuxo que permite a flutuação. O voo é controlado por motores a combustão, geralmente localizados em gôndolas externas, que impulsionam o dirigível, além de superfícies de controle (leme e ailerons) que ajudam na navegação.


A fabricação de dirigíveis diminuiu nas últimas décadas, mas essas aeronaves ainda fazem parte do legado da aviação, apesar dos desafios enfrentados ao longo da história.

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