A genética e a epigenética são campos da ciência que exploram os mecanismos hereditários e as alterações que ocorrem na expressão dos genes.
A genética nos diz quem somos, a epigenética nos mostra como nos tornamos | Foto: UFRRJ
A genética e a epigenética, campos da ciência que exploram os mecanismos hereditários e as alterações que ocorrem na expressão dos genes, respectivamente, estão revolucionando a forma como entendemos e combatemos o câncer. Essas áreas da medicina, que antes pareciam complexas e distantes da realidade do dia a dia, agora se revelam como ferramentas para o diagnóstico preciso, a prevenção eficaz e o tratamento personalizado dessa doença.
Segundo a geneticista, Fernanda Ayala, a genética nos permite identificar mutações em genes específicos que aumentam o risco de desenvolver certos tipos de câncer quando comparados com a população geral. Por meio de testes genéticos, é possível identificar indivíduos com predisposição hereditária a doenças como câncer de mama, ovário, cólon e outros. “Essa informação é crucial para a adoção de medidas preventivas, como a realização de exames de rastreio mais frequentes e a remoção de tecidos de risco”.
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A epigenética, por sua vez, revela como fatores ambientais e estilo de vida podem influenciar a expressão dos genes, sem alterar a sequência do DNA e de forma reversível. Estudos demonstram que hábitos como tabagismo, sedentarismo, má alimentação e exposição a substâncias tóxicas podem causar alterações epigenéticas que aumentam o risco de desenvolver câncer.
A médica explica que a combinação de genética e epigenética está transformando o diagnóstico do câncer. Com a análise do DNA tumoral, é possível identificar mutações específicas que podem guiar a escolha do tratamento mais adequado. Além disso, a análise epigenética permite identificar biomarcadores que podem indicar a agressividade do tumor e a probabilidade de metástase.
“A prevenção do câncer, antes baseada em hábitos de vida saudáveis, ganha um novo impulso com os avanços da genética e da epigenética. A identificação de indivíduos com alto risco genético permite a adoção de medidas preventivas mais personalizadas. Além disso, o conhecimento sobre os mecanismos epigenéticos abre novas possibilidades para o desenvolvimento de intervenções que revertam as alterações epigenéticas e reduzam o risco de desenvolvimento do câncer”.
O futuro da oncologia é promissor. A integração da genética e da epigenética com outras áreas, como a imunoterapia e a terapia alvo, está dando origem a tratamentos mais eficazes e menos tóxicos. A medicina personalizada, baseada no perfil genético e epigenético de cada paciente, se torna cada vez mais uma realidade.
O que podemos concluir até momento, a genética e a epigenética estão desvendando os mecanismos complexos que levam ao desenvolvimento do câncer. Ao compreendermos melhor o papel dos genes e das alterações epigenéticas, podemos desenvolver estratégias mais eficazes para a prevenção, o diagnóstico e o tratamento dessa doença.
“A combinação de conhecimento científico e tecnologia, como a inteligência artificial, está transformando o tratamento do câncer, oferecendo esperança a milhões de pessoas em todo o mundo”, finaliza a geneticista