A doença tem se tornado um problema crescente no Brasil, especialmente em áreas urbanas.
Entre os animais, os gatos são os principais transmissores | Foto: Isabella Dib Gremião
O Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi) do Ministério da Saúde realizou recentemente um evento de qualificação sobre a assistência à saúde de indivíduos com esporotricose. O webinar, intitulado "Atualização no manejo da esporotricose", contou com apresentações de especialistas que discutiram diversos aspectos da doença.
Durante o evento, foram apresentados dados epidemiológicos que mostram um aumento nos casos de esporotricose no Brasil, com estatísticas de 2023 e 2024 fornecidas pelo Ministério da Saúde. Esse aumento tem preocupado as autoridades de saúde, que destacaram a gravidade da doença e a necessidade de qualificação das equipes de saúde para identificar, tratar e prevenir a esporotricose.
Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2023 foram atendidos 1.239 indivíduos diagnosticados com a infecção causada por fungos do gênero Sporothrix e mais 945 casos até junho de 2024.
Um dos pontos discutidos no webinar foi a formação de novas espécies e virulência do fungo causador da esporotricose, com ênfase na nova espécie Sporothrix brasiliensis. Os especialistas abordaram a adaptação desse fungo ao ambiente, sua virulência, carga fúngica e maior tolerância a temperaturas mais altas, destacando os desafios no manejo clínico da doença.
De acordo com o infectologista do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Giovanni Luís Breda, “Atualmente, temos uma nova espécie do agente etiológico da doença, identificada inicialmente no Brasil, conhecida como Sporothrix brasiliensis, cujas características são a melhor adaptação ao ambiente, maior virulência, carga fúngica e termotolerância. Isso faz com que a doença se espalhe com mais facilidade entre os animais, chegando até o ser humano”, explica Giovanni.
O Ministério da Saúde declarou o estado do Paraná lidera o hanking, "a esporotricose está na lista de notificação compulsória desde 2020 – o número de casos em humanos saltou de 253 em 2022, para 853 em 2023. Já os casos em gatos subiram de 1.412 em 2022, para 3290 em 2023”.
O webinar contou com a participação de diversos médicos infectologistas, dermatologistas e micologistas como palestrantes, que compartilharam suas experiências e conhecimentos sobre o manejo da esporotricose. A troca de informações e a atualização dos profissionais de saúde são consideradas essenciais para enfrentar o avanço da doença no país.
Saiba mais sobre a esporotricose
A esporotricose, uma infecção causada pelo fungo do gênero Sporothrix, tem se tornado um problema crescente no Brasil, especialmente em áreas urbanas. A doença geralmente é adquirida através do contato com material contaminado, como solo, plantas ou animais infectados. Entre os animais, os gatos são os principais transmissores, podendo passar a infecção para humanos por meio de arranhões ou mordidas.
Os sintomas da esporotricose incluem lesões na pele que podem evoluir para úlceras. Em situações mais graves, a infecção pode se espalhar para outras partes do corpo, atingindo ossos, pulmões e até o sistema nervoso central. O diagnóstico é feito com exames laboratoriais que identificam a presença do fungo nas lesões ou em outros tecidos.
O tratamento é longo, é realizado com antifúngicos e frequentemente durando meses até a completa eliminação do fungo.
Para prevenir a doença, as autoridades de saúde recomendam o uso de luvas ao manusear solo ou plantas e evitar o contato com animais que apresentem lesões suspeitas. Além disso, campanhas de conscientização têm sido realizadas para informar a população sobre os riscos e as medidas preventivas.